1. MARIA É MÃE DE JESUS CRISTO
Ele é o ungido do Pai. A unção do óleo, sinal de força do Espírito Santo, significava a consagração para uma missão especial. No Antigo Testamento, os reis, profetas e sacerdotes eram escolhidos e ungidos para desempenharem sua tarefa em favor do povo de Deus (Lv 14,16; 1Rs 24,7). O termo ungido de Deus aparece 531 vezes no Novo Testamento.
Dizia Santo Agostinho com muita propriedade: “Maria é mais feliz de aceitar a fé em Cristo, do que conceber a carne de Cristo. Sua ligação não teria servido para nada, se ela não tivesse sido feliz de portar o Cristo em seu coração que portá-lo em seu corpo”.
Os evangelistas afirmam categoricamente sobre a maternidade de Maria. Mateus, ao falar da genealogia, destaca ao final que Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo (Mt1,16). Lucas a chama de Mãe de Jesus (Lc 2,48). João destaca a presença mariana como mãe nas bodas de Caná e na cena do calvário.
2. MÃE DA DIVINA GRAÇA
É assim chamada porque é mãe de Jesus, fonte por excelência da graça divina. Repleta dessa graça, inundada por ela, foi envolvida, enriquecida e recriada pela presença e ação de Deus, que a amou gratuita e misteriosamente em sua personalidade. O Concílio Vaticano II afirma que a “maternidade de Maria, na economia da graça, perdura sem cessar, desde o consentimento da anunciação até a consumação final dos eleitos”.
Ela é invocada na Igreja como advogada, auxiliadora, amparo e medianeira, de modo que nada tire ou acrescente à dignidade e à eficácia de Cristo, mediador único. Toda a obra de Nossa Senhora é dependente de Jesus, nenhuma criatura pode colocar-se no mesmo plano que o Verbo encarnado. A Igreja não hesita em atribuir a Maria uma função assim subordinada.
3. MÃE PURÍSSIMA
Ela se torna pura desde sua concepção tendo em vista a missão de gerar em seu ventre o Redentor. Puro vem do latim “puru”, que significa genuíno, inocente, sem mistura, nem alteração, impurezas ou manchas. Na Bíblia, os homens puros são aqueles que tem o coração (que representa o lugar das emoções e decisões humanas, que não pode ser contaminado por divisões e duplicidade) íntegro, honesto. Maria é perfeita na pureza, livre de toda mancha, pecado ou vício.
4. MÃE CASTÍSSISMA
Maria viveu a castidade em toda a sua vida, valor precioso para a Igreja. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo nº 2395, a castidade integra a sexualidade da pessoa com todo o seu ser, produzindo a unidade interior de corpo e alma, não tolerando nem a vida nem a linguagem dupla. É a atitude correta no domínio de impulsos e forças sexuais. Maria não tinha vida dupla, não tinha pensamentos impuros, nem decisões que fossem contrarias ao projeto de Deus, não proferiu palavras enganosas, nem quebrou promessas feitas aos outros.
5. MÃE IMACULADA, INVIOLADA
Para o português a tradução saiu como imaculada, e não inviolada. É integra, intacta, ilesa em seu corpo, sexualidade e em sua vida. Maria permaneceu virgem, mesmo dando à luz ao seu filho Jesus. No dia em que nasceu Jesus não lhe violou, mas sagrou a integridade virginal (Conc. Vat.II).
Santo Agostinho, ao comentar um trecho de Ezequiel (44,2), defendia a integridade virginal de Maria: “Há na casa do Senhor uma porta fechada para sempre, nenhum homem passa por ela. Isso significa que Maria é virgem antes, durante e após o parto, que José nunca a possuiu”. Ela ofertou a Deus o presente de sua virgindade, numa oblação perfeita e num sacrifício de todo o seu ser pessoal, num processo de consagração total.
6. MÃE INTEMERATA, PURÍSSIMA
Maria é pura, incorrupta, sem pecado, toda santa. Foi o santuário mais belo que existiu, habitação perfeita do menino Jesus, sem qualquer tipo de profanação. Recebeu a santidade como dom e graça divina. Santo Agostinho assim se expressou a respeito: “Quem és tu que, com tanta fé, concebestes para depois seres mãe? Quem te criou será em ti gerado? De onde veio tão grande bem? És virgem, és santa”.
Santo Éfren, diácono, doutor da Igreja, e poeta de Nossa Senhora, assim escreveu: “Santíssima Senhora, mãe de Deus, és a única pura de alma e de corpo, que superas toda pureza, toda virgindade, castidade; única morada de toda a graça do Espírito, ultrapassas, sem comparação, até os anjos em pureza, santidade de alma e corpo”.
7. MÃE AMÁVEL
Nossa Senhora nos cativa por sua bondade, ternura, dedicação e preocupação por nós. Nós a amamos porque temos certeza de que nunca fomos por ela abandonados, desamparados quando suplicamos sua assistência. O poeta Paul Claudel assim expressou seus sentimentos espirituais: “Ao meio-dia entro na igreja aberta. Mas não é para rezar, Ó Mãe! Nada tenho a pedir, nada para dar. Venho somente para te olhar, admirar. Olhar-te, chorar de alegria, sabendo apenas isto que sou teu filho e tu estás aqui! Porque tu és bela, porque tu és imaculada, a mulher na graça reintegrada! Obrigado por me amar, cuidares de mim!”
8. MÃE ADMIRÁVEL
Ela é admirável por sua vida, missão, seu compromisso de fidelidade ao projeto do Pai. Deus é admirado, adorado pela criação, pelos seus santos. Por ser santa e estar mais próxima dele, é mãe admirável. No limiar do século XX, Pe. José Kentenich de Shoenstatt, na Alemanha, começa a usar o título Mãe três vezes admirável, fundando o movimento Mãe Rainha, atingindo o mundo inteiro com esta devoção.
A graça de Maria foi de tal maneira abundante que se derramou sobre a humanidade inteira. Que um santo possua bastante graça para alcançar um grande número, não é já grande coisa? Mas possuir tanto que alcance a salvação de todos os homens deste mundo, eis aqui a mais extraordinária das maravilhas! (São Tomás de Aquino)
9. MÃE DO BOM CONSELHO
O conselho constitui um dom do Espírito Santo, é a capacidade de julgar ou discernir o que é mais conveniente fazer ou não em determinadas circunstâncias complexas que envolvem motivações, prioridades, interesses, seja na vida pessoal ou de pessoas que pedem nossa ajuda. Em nossa vida sentimos a necessidade de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar, de animar a fé e a esperança de pessoas e de comunidades.
Piedosa, aberta ao Espírito Santo, Maria soube cultivar o conselho em sua vida histórica, meditando a Palavra divina na oração e no silêncio. Soube aconselhar as pessoas em momento de aflição, como nas Bodas de Caná, quando orientou os servidores a fazerem tudo o que seu Filho lhe mandara. Sempre apontou para Jesus. Já glorificada nos céus, continua a ajudar com solicitude seus filhos, com seu amparo e conselho maternal, sobretudo nas situações humanas mais trágicas.
10. MÃE DO CRIADOR
Tal invocação mariana pode causar impacto, parece rum paradoxo, contradição. Se Maria é criatura humana, como ela pode ser ao mesmo tempo, mãe do Criador? Essa é a grande interpelação... De acordo com a tradição da Igreja, o termo “Criador” aqui não se refere ao Pai do céu, mas ao filho de Deus encarnado. Ela é mãe do criador por ser mãe de Jesus, o verbo de Deus, que existe desde a eternidade, como 2ª pessoa da Santíssima Trindade. Jesus é ao mesmo tempo Deus e homem, une as duas naturezas. São João afirma que a Criação foi feita por meio do filho de Deus, a palavra que revela Deus aos homens:” no começo existia a palavra, estava voltada para Deus, e a palavra era Deus. Tudo foi feito por meio dela, nada foi feito sem ela” (Jo 1,1-3).
Estudiosos afirmam que há 3 razões para que Maria seja considerada mãe do Criador: 1. Pela bondade divina: para salvar a humanidade quis explicitar a consumação da salvação em pura bondade: escolhe Maria, passa pela encarnação, morte e ressurreição, tudo expressão dessa bondade. 2. Pela humildade de Deus: quis precisar de uma mulher. Perto dele, ela é um átomo, um nada, ninguém, mas perto de nós criaturas inacabadas, ela é imensa pelos méritos de Cristo. Deus foi capaz de se abaixar ao homem por meio de uma mulher. 3. Pelo querer de Deus: ele poderia ter escolhido outra criatura ou outro meio para nos salvar, até uma gota de sangue poderia ter nos salvado, como garante Santo Agostinho, mas escolheu Maria, figura indispensável para a salvação, considerada por alguns teólogos como co-redentora. Alguns afirmam que seria o próximo dogma mariano.
Por Diácono Gildenor da Silva Oliveira, Diocese de Patos-PB.
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