Sim, a dignidade de sermos chamados filhos. A proporção da frase nos traz um sentido de beleza e plenitude porque, de fato, é um dom gratuito de Deus para todos nós, absolutamente todos. No decorrer deste percurso, entenderemos mais sobre a importância de vivermos a gratuidade de Deus para nós.
Quando Deus cria o homem à sua imagem e semelhança, é o primeiro anúncio sobre santidade. Mas, levando em consideração o pecado cometido, temos a noção de que o homem não é mal, mas a natureza do homem foi corrompida. E é necessário entendermos que a natureza do homem foi corrompida, sim, mas não foi destruída.
Por dom gratuito Deus nos chama a uma vida de união com a Perfeição, e é neste mistério que desejamos mergulhar. Fiz uma breve introdução em forma de lembrete para te dizer que eu você sabemos que tudo isso aconteceu mesmo. E que, com muito amor e misericórdia, o Senhor nos dá oportunidades sem fim de experimentarmos esse amor, mesmo depois da vinda do pecado.
Mas o grande mistério da vida humana é que, embora saibamos de tais verdades, nós nos esquecemos. Esquecemos cotidianamente que Deus nos escolheu por graça, de forma total e de forma particular. Nos esquecemos dos dons de Deus e começamos a tomar nossa imagem por referência de vida. O nosso referencial somos nós mesmos sem que nem percebamos, sem nos dar conta que o primeiro anúncio sobre santidade não é um anúncio distante e nem coisa de séculos passados, mas acontece no hoje das nossas vidas.
Os ismos da sociedade vão rastejando pela nossa vida de forma penetrante e centralizada. Quando nos damos conta, atingem não somente a nós, mas todo um povo. Percebemos, hoje, uma humanidade que chora e que sofre e não entende o motivo. Se você, leitor, fez uma experiência pessoal com o amor de Deus, tenho de lhe dizer algo muito importante: sua linha de vida é a mesma. Nada saiu do lugar, nada desapareceu da sua história, tudo o que foi sendo construído e vivido de fato existiu. A grande diferença é que você tem consciência de que o dedo de Deus tocou a sua história, por isso nada mais é como antes.
Uma das piores referências do homem a si mesmo é o relativismo. Enxergar as coisas ao nosso redor com um olhar relativo é porta aberta para tantas disfunções da nossa vida humana e espiritual... O relativismo nos rouba de nós mesmos porque nos dá uma essência de superficialidade, de uma vida gelatinosa, de inconstância. E a vida em Deus não é essa. Deus nos pede concretude, solidez, integridade, firmeza. Lutar em vista disso é uma das grandes tarefas daqueles que querem a semelhança em Deus, e o primeiro passo é reconhecer as pontes que nos fazem parecer órfãos.
Nós não somos órfãos. Somos filhos no Filho. Não nos tornemos analfabetos espirituais... Essa verdade precisa adentrar nas nossas vidas e nos fazer entender que a dimensão da graça é inimaginável. Papa Francisco outro diz exclamou: “Rejeitarmos a gratuidade de Deus é um pecado”. Mergulharmos na graça é o que trará sentido novo a tudo.
O tema é super abrangente e sobre ele nós temos muito a entender. Por isso, numa próxima oportunidade, abriremos para uma segunda parte. Existem heresias, por exemplo, que nós não temos tanta consciência de que são heresias, e nos roubam a essência de filhos de Deus. Aguardo vocês para o nosso próximo encontro!
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