Vivemos em um atual campo de batalha, e felizes são aqueles que descobrirem que ele existe de fato, pois, uma vez detectado, também detectada é a voz de Deus que ecoa nos nossos corações de forma sublime e primordial.
Sim, vivemos em um campo de batalha. São ideias, ideologias, formas de vida, explicações equivocadas sobre a existência do homem, o sentido pleno da família e a construção da sociedade que muitas vezes são contrárias à lógica de Cristo. Sim, constituímos uma batalha visível aos nossos olhos e ela precisa ser enfrentada.
Uma empreitada surge em meio ao nosso tempo, avança de forma ainda mais contínua, e me parece que derruba mais do que imaginamos, sobretudo no Ocidente. Descortinam-se falsas verdades e admitem, então, serem a plenitude de liberdade. Mas qual tipo de liberdade? Qual razão deveríamos admitir para uma liberdade que escraviza e que nos rouba nossa própria essência? É preciso voltarmos.
O cotidiano marcado por sons audíveis, muitas vezes tão poluentes, que não nos permitem nem a possibilidade de silenciarmos para uma breve contemplação. Ousaria dizer que caminhamos num processo onde, caso não tenhamos cuidado, desaprenderemos o que é contemplar, parar, ouvir, acolher a escuta. Desaprenderemos. Não há como pensarmos mais distante: desaprenderemos, na verdade, a viver e a enxergar a Vida. Não, não há como entendermos que tipo de liberdade é essa e para onde ela caminha.
São sempre surpresas inesperadas que se chocam com a mensagem do Eterno, relativizando a vida e tudo o que dela provém. Infelizmente, tentam e conseguem derrubar os alicerces de valores e princípios que não são somente valores morais, mas que, sobretudo, nos afastam, e por assim dizer, nos roubam de Deus.
Você, caro leitor, já parou para pensar nas ideias de laicismo libertário? Será que você entendeu bem as propostas marxistas? Como será que recebemos as mensagens da História? Não vamos bater tudo às cegas num liquidificador... Soam como um polvo repleto de tentáculos que tomam força e ganham voz, abrindo um pano de fundo que gera divisões e antagonismos no meio da sociedade. Daí em diante, uma geração de homens e mulheres que desconhecem o valor essencial do simples e do verdadeiro, e talvez um dia até o tenham conhecido, mas entraves apareceram de forma mais expressiva e os tiraram o olhar atencioso.
Um outro inimigo que muitas vezes passa despercebido é a nossa cumplicidade e proximidade com as tentações que nos aparecem. Se o conceito de bondade é relativizado, portanto, não se sabe o que é Bom. Enganos de visão e perspectiva são capazes de fazer o que não imaginamos... Invistamos tempo e atenção na busca pelas armaduras cristãs!
E é preciso uma determinada atenção, pois, se não a tivermos, não perceberemos que muitas vezes as ondas do secularismo invadem primeiro a cultura e a política de um povo, mas sem nem nos darmos conta, atingem a fé e a liberdade de um povo. Mas, Cristo caminha conosco, Ele é a nossa primeira segurança de que estamos protegidos e bem armados. E cabe a nós, conscientes da força da armadura da oração, entendermos que ela (a oração) é capaz de impedir que o mundo se desfaça. Não, não é fácil abraçar a Verdade, mas ela é apaixonante: um pleníssimo cofre de joias à nossa frente. Grande tesouro dos nossos corações!
Aqui não falamos de atacar ou criticar, mas de permanecermos fieis ao chamado de Cristo e à sua mensagem. “Trata-se simplesmente de viver o Evangelho. Não de pensá-lo como uma utopia, mas de vivê-lo concretamente”, diz Francisco Faus. Outro dia, lendo uma de suas obras, A batalha de Lepanto e a nossa (inclusive, uma boa leitura), atentei para muitos fatos e gostaria de compartilhá-los aqui. Uma vez marcada pela linha histórica, hoje se vive também a batalha. Revistamo-nos dos escudos da fé, da oração e da propagação dos valores da Verdade.
Para finalizar, Papa Francisco dirige-nos na Encíclica Evangelli Gaudium: “Num campo arrasado, volta a aparecer a vida, tenaz e invencível. Haverá muitas coisas más, mas o bem sempre tende a reaparecer e espalhar-se. Cada dia, no mundo, renasce a beleza, que ressuscita transformada através dos dramas da história”. Pois bem, a batalha é visível, sim, mas muito próximo a nós e a ela caminha a esperança, prelúdio sempre tão infindável da beleza do Eterno. Até a próxima!
Por Tatiane Medeiros
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